A vida da cidade se organiza no ritmo dos mercados. Nas terças e quintas, ficam abertas as feiras de alimentos: vegetais, peixes, queijos, comidas prontas.

Mas é nas manhãs de sábado que todo o centro é ocupado pelos marchés indicados na última seta da foto inicial: juntam-se às feiras dos dias de semana os mercados de roupas, de flores e de antiguidades.

Nos sábados, todo mundo que pode sai à rua, para vender e para comprar. Em torno da Rotonde, montam-se nos sábados uma infinidade de bancas de roupas e de antiguidades, sendo curioso que a loja da Apple tenha sido erguida justamente no meio de onde se instala o mercado de pulgas.

A loja da Apple, no meio das outras barracas.

O mercado de roupas segue também por toda a Cours Mirabeau, principal rua da cidade, e também pelas calçadas que ficam no local antes ocupado antiga Estação de Trem (Gare). Em 2007, essa área se tornou grande shopping a céu aberto: Les Allés Provençales, que apesar do nome bucólico, é formada por grandes edifícios ocupados pelas grandes redes que habitam todos os shoppings. Uma área útil, mas sem grande charme.

Em volta da Rotonde, avançando em todas as direções, espalha-se no sábado uma grande coleção de vendedores de roupas, mas a banca mais bonita é a de um luthier que expõe seus instrumentos antigos e empoeirados.

Quando morávamos na Avenue de Belges, nossa casa dava direto nessa feira, onde a Ana comprou também os óculos escuros que a acompanham nos momentos de glamour e aventura.

No fim do ano, instalam também nesta área uma série de brinquedos infantis, inclusive o estilingue de crianças, que a Ana insistiu um bocado para ir. Um dia de manhã, ela acordou e disse que iria sozinha, se fosse preciso. Fomos todos e o resultado foi esse:

Entrando pelo centre-ville, chegamos ao mercado da Praça Richelme, do qual já falamos no post sobre as feiras. Esta é uma feira clássica de frutas e verduras, mas também compramos ali mel de lavanda, queijos e salames (saussissons).

Destaque especial fica para as bancas de peixe, onde compramos normalmente o Cabilllaud, nome genérico para os peixes brancos do gênero Gadus, que são aqueles usados para fazer bacalhau. São os mesmos que os britânicos chamam de "cod" e usam para fazer os célebres fish and chips.

Compramos duas vezes o cabillaud fresco, que é gostoso, mas que praticamente se desfaz no momento da preparação. Resolvi experimentar, então, o cabillaud congelado do Carrefour, que vem em pacotes de 200g e custa metade do preço da feira. Para nossa surpresa, ele tinha uma textura mais firme, o que facilitou a preparação do nosso peixe provençal típico, que é o cabillaud assado com batatas.

As tentativas de comprar o atum fresco, para sushi ou grelhar, também não foram muito bem sucedidas. O atum é vendido em grandes postas e, sem surpresa, os vendedores que recebem o dinheiro também pegam os peixes com a mão para embalar. Por 35 EUR/kg, não é o nosso melhor investimento gastronômico.

Imagino que tudo isso venha do fato de que eu fui a um mercado local, de uma cidade pequena, para comprar peixes que vêm de longe. Não comprei os produtos mais típicos de Marselha, que eu ainda não sei quais são e, se soubesse, não saberia preparar.  Assim, preferimos nos voltar para as carnes, que vão merecer um post próprio e, principalmente, para o peito de peru (dinde), que é a proteína mais consumida na casa.

Outro item que entrou definitivamente para a dieta são os cogumelos. Tenho de admitir que os mais usados são os champignons comprados fatiados no Carrefour, que são práticos e baratos. Uma bandeja de cogumelos custa 1/4 de uma bandeja de frango, e rende mais felicidade. Nos mercados, há uma variedade grande, com preços evidentemente mais altos, mas que ainda não chegamos a explorar.

Esta banca não fica na Richelme, mas na Place des Prêcheurs, ou seja, praça dos pregadores, que fica na frente da antiga igreja dos dominicanos (hoje, Église Sainte Magdalene). Este é o maior e mais variado mercado, pois tem um pouco de tudo e a grande maioria das bancas de comidas prontas: paellas, nems, tortillas e outras refeições que podem ser embaladas e levadas.

Na praça da Mairie (prefeitura), que fica ao lado, há um mercado de flores, do qual eu não consegui tirar nenhuma foto decente. Se eu conseguir alguma, um dia, posto aqui.